"Vivemos no meio de um logro colossal, de um mundo desaparecido que algumas políticas artificiais pretendem perpetuar. Os nossos conceitos de trabalho e consequentemente de desemprego - em torno dos quais gira (ou pretende girar) a política - já não têm substância: são milhões de vidas destroçadas, são destinos aniquilados por este anacronismo. A impostura geral continua a impor os sistemas de uma sociedade caduca, para que fique despercebida uma nova civilização já a despontar, na qual desempenhará funções apenas uma pequena percentagem da população terrestre.
A extinção do trabalho passa por um simples eclipse, ao passo que, pela primeira vez na História, o conjunto dos seres humanos é cada vez menos necessário para o reduzido número de indivíduos que modelam a economia e detêm o poder.
Descobrimos agora que, para além da exploração dos homens, ainda havia pior e que, perante o facto de já não ser explorável, a multidão de homens considerados supérfluos, cada homem no seio desta multidão pode tremer. Da exploração à exclusão, da exclusão à eliminação...?"
Viviane Forrester, romancista e ensaísta francesa, crítica literária do jornal Le Monde e membro do prémio literário Fémina.
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