Todos os dias ocorrem 630 acidentes de trabalho em Portugal (e um total de 230 mil por ano) e por semana morrem, em média, três trabalhadores (no espaço de quatro anos perderam a vida 700 profissionais).
Números negros divulgados pela Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) na segunda-feira passada, dia em que se assinalou a prevenção e a segurança no trabalho.
Para tentar inverter este cenário, dois investigadores da Faculdade de Motricidade da Universidade Técnica de Lisboa, Francisco Rebelo e Ernesto Vilar, deram o seu contributo, concebendo dois produtos multimédia, editados e acessíveis através da ACT, onde se pretende sensibilizar não só os trabalhadores mas também os mais jovens, em idade escolar, para a segurança e saúde no trabalho.
Através de jogos didácticos, o ‘Ergoshow I: Movimentação manual de cargas e trabalho sentado' e o ‘Ergoshow II: Fábrica Segura' transmitem uma série de informações que permitem perceber exactamente como se podem processar os acidentes e como, em contrapartida, se consegue evitá-los.
Um exemplo: 62% das lesões da coluna lombar, como se explica num dos CD, são provocadas pelos escorregamentos, algo que pode ser contornado com a escolha de uns sapatos com maior aderência ou prestando atenção à característica dos degraus.
Os jogos multimédia do ‘Ergoshow' vão progredindo através de metas que se vão conquistando à medida que o conhecimento do utilizador sobre a prevenção de acidentes vai avançando.
Um método eficaz para ser utilizado em sessões de formação de trabalhadores, mas também nas escolas, como explica o professor Francisco Rebelo.
“Os trabalhadores portugueses preocupam-se habitualmente com outros aspectos que também são importantes, como as questões salariais, mas esquecem-se com frequência de exigir melhores condições de trabalho.
Isso acontece porque ao longo da sua formação ninguém os consciencializou para esse tipo de questões”, sublinha o investigador do departamento de Ergonomia da Faculdade de Motricidade. Por essa razão, defende Francisco Rebelo, “é fundamental que a "cultura de segurança comece logo nas escolas”: “Este tipo de conteúdos deveria ser enquadrado em projectos de formação dos alunos pois quando se tornarem trabalhadores, um dia mais tarde, serão mais críticos quanto às condições onde trabalham e isso vai evitar a ocorrência de acidentes e mortes”.
Recorde-se que os trabalhadores da faixa etária entre os 25 e 44 anos sofrem mais de 50% do total de acidentes de trabalho ocorridos em Portugal.
A partir de Junho, a ACT vai organizar seminários e distribuir folhetos aos trabalhadores de todo o país para os alertar sobre as doenças profissionais.
In Jornal Expresso
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