Exemplo que nos chega do estrangeiro mas que poderia ter sido em Portugal.
"O português residente na Suíça que denunciou um caso de pedofilia na rádio onde trabalhava e foi despedido vai viver dentro do carro em frente àquela empresa como forma de protesto, noticia a Lusa.
«A partir desta semana vou viver para dentro do carro em frente à rádio», disse Jorge Resende. «Não se pode despedir uma pessoa porque ela teve a coragem de denunciar um caso grave de pedofilia», acrescentou.
Emigrante na Suíça há 18 anos, este administrador de sistemas informáticos na RSR encontrou ficheiros de carácter pedófilo no sistema de um alto quadro da rádio e foi demitido por ter ajudado a polícia nas investigações.
A decisão de ir viver para o carro em sinal de protesto vem na sequência da reunião que o Sindicato Suíço de Mass Media (SSM) teve no final da semana passada com a administração da Rádio Télévision Suisse Romande (RTSR).
De acordo com o emigrante, a administração da rádio disse ao sindicato que não ia reintegrar o português porque isso seria desautorizar a direcção que o tinha demitido, mas propôs pagar-lhe uma indemnização.
«Queriam dar-me uma indemnização mensal no valor do meu salário até final do inquérito interno que foi instaurado e, no final, negociar uma indemnização mais elevada. Mas eu recusei», disse.
Segundo Jorge Resende, a administração da RTSR defendeu que a proposta que lhe estavam a fazer tinha como objectivo colocá-lo em «pé de igualdade com o pedófilo».
Pedófilo «tem trabalho e eu não»
«Como é que estou em pé de igualdade se ele tem trabalho e eu não», questionou. «Sei que fiz bem. Não tenho a mínima dúvida porque o que vi foi muito grave. Não compreendo porque é que os directores continuam a encobrir um caso de pedofilia», sublinhou.
Em protesto, o português decidiu ir viver para dentro do carro até que o «aceitem de volta para a rádio ou expulsem da Suíça».
«Se me prenderem, volto para lá (para o carro) quando me soltarem», garantiu.
Jorge Resende admitiu ainda que tem «muito medo» pela família (a mulher não trabalha, as filhas baixaram as notas na escola e estão a viver da assistência social) mas defendeu que tem de actuar «segundo a sua consciência».
«Tenho de escolher entre viver da assistência social ou deixar-me subornar por ter denunciado uma coisa justa», lamentou."
in IOL Portugal Diário
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