Introduction to the concept of mobbing

Introduction to the concept of mobbing

"Through their national work environmental acts Sweden, Finland and Norway support the rights of workers to remain both physically and mentally healthy at work. Yet, in recent years, a workplace-related psychosocial problem has been discovered, the existence and extent of which was not known earlier.

This phenomenon has been referred to as "mobbing", "ganging up on someone", "bullying" or "psychological terror". In this type of conflict, the victim is subjected to a systematic, stigmatizing process and encroachment of his or her civil rights. If it lasts a number of years, it may ultimately lead to ejection from the labor market when the individual in question is unable to find employment due to mental injury sustained at the former work place.

I introduced this phenomenon in 1984. It certainly is a very old one, well known in every culture from the very beginning of these cultures. Nevertheless, it has not been systematically described until the research started in 1982 which led to a small scientific report written in the fall of 1983 and published in early 1984 at The National Board of Occupational Safety and Health in Stockholm, Sweden

(Leymann & Gustavsson, 1984)"

terça-feira, 31 de julho de 2007

Luz, 37 anos, Secretária de Direcção

Luz trabalhava há dez anos como secretária de direcção, sendo altamente valorizada pelos seus diferentes chefes como boa profissional, dotada de elevado espírito de colaboração, a ponto de ter tido vários aumentos significativos de salário, o que fazia dela a secretária com melhor remuneração em toda a empresa.

A mudança de chefia deu início a uma situação de assédio psicológico por parte da sua nova chefe, uma mulher, recém-promovida, com pouca qualificação para desempenhar esse trabalho, secretária e companheira de Luz em etapas anteriores.

A nova chefe, absolutamente insegura e na defensiva, começou, de várias formas, a fazer com que a vida se tornasse impossível para Luz.

Do dia para a noite, Luz deparou-se com o facto de que algumas companheiras não a esperavam nem a avisavam para almoçar juntas no refeitório da empresa.

Passado algum tempo, descobriu casualmente que a sua nova chefe se empenhava em a desprestigiar entre o grupo de secretárias, inventando a informação de que Luz criticava o trabalho das demais secretárias, cuja qualidade profissional punha em dúvida.

Depois de poucas semanas, a sua nova chefe começou a deixar de lhe dar trabalho, afastando-a das tarefas que habitualmente desempenhava e que constituiam parte das responsabilidades da sua função, até ao extremo de ficar, durante semanas inteiras, sem ter o que fazer, constatando ao mesmo tempo que o trabalho que ela até então havia realizado era agora encomendado, sob diferentes pretextos, a outras secretárias de categoria inferior, ou mesmo a secretárias de outros departamentos.

Luz percebeu que a sua chefe não a cumprimentava pela manhã e fingia ignorar inclusivé a sua existência física, comportando-se como se ela fosse verdadeiramente "invisível".

Por outro lado, manifestava o seu desdém referindo-se a ela pelo seu apelido (e não, como era habitual em tais relações, pelo nome) ou chamando-a diante de outras pessoas de a "choca" ou a "galinha tonta" (aludindo a um problema físico que a impedia de andar de maneira normal).

Isso provocou em Luz uma enorme prostração e certos problemas de insónia que foram objecto de consulta psicológica.

Luz era sistematicamente marginalizada em tudo; nem sequer era incluída nas mensagens electrónicas que a chefe do departamento remetia a todo o pessoal.

Depois de quatro meses nessa situação, Luz começava a chorar, sentindo que não aguentava mais.

A sua nova chefe começou a propagar o boato de que tinha problemas de personalidade e que, por causa disso, até o seu marido estava a ponto de a abandonar (o que era falso).

As demais colegas de departamento procuravam evitá-la e fez-se um vazio enorme em torno do seu local de trabalho.

Não era convidada nem mesmo a participar das pequenas festas de aniversário das companheiras de trabalho.

Certo dia enfrentou uma delas, "explodindo literalmente de ira", para recriminar a sua atitude.

Tomada de enorme confusão, em que às vezes se perguntava o que poderia ter feito ou que supostos erros profissionais teria cometido, e depois de sofrer por cinco meses essa situação, Luz armou-se de coragem para falar com a sua chefe e pedir-lhe algum tipo de explicação.

A chefe foi adiando por mais um mês, com o pretexto de excesso de trabalho.

Quando, por fim, a recebeu, recriminou-lhe comportamentos gravemente descumpridores dos seus deveres profissionais, assim como uma atitude de antipatia e auto-exclusão para com o resto das suas colegas de trabalho.

Lançou-lhe indirectas sobre supostas chamadas telefónicas particulares que teria feito pelo telefone da empresa, assim como sobre erros vagos e difusos num relatório feito cinco meses antes.

A sua chefe queixou-se diante dela de ser vítima da sua mediocridade e da sua incompetência profissional.

Por outro lado, insinuou-lhe indirectamente que o departamento de pessoal estava a pensar fazer cortes no quadro de pessoal e que deveria modificar o seu comportamento.

A partir daí, Luz começou a desenvolver toda uma sintomatologia próxima da síndrome de stress pós-traumático.

Queixava-se de haver perdido a capacidade de se concentrar e de que se encontrava num estado permanente de alerta ("é como se algo fosse acontecer com carácter iminente").

O sono, para ela, longe de ser reparador, fazia com que se recordasse algumas vezes durante a noite das circunstâncias do assédio.

Declarou ao seu médico que se levantava literalmente "moída".

Entre outros sintomas, começou a esquecer-se de dados importantes no seu trabalho, como reservas de vôos e hóteis, ou o lugar onde arquivava dados decisivos para alguns dos projectos.

No mês seguinte, sofreu ataques de pânico.

Ao cabo de mais duas semanas, o seu médico recomendou e prescreveu-lhe baixa, diagnosticando-lhe um quadro de depressão.

A medicação antidepressiva provocou uma espécie de alhiamento que lhe deu uma aparência de deterioração pessoal considerável.

A simples ideia de voltar ao trabalho causava-lhe tal angústia que nem o seu marido nem os seus amigos podiam falar com ela sobre o assunto.

Passados nove meses, Luz retornou ao trabalho, aproveitando uma relativa melhoria na sintomatologia depressiva e ansiosa.

Isso foi utilizado pela sua chefe para iniciar contra ela um processo de despedimento (a sua chefe havia substituído Luz, assim que ela caíu doente, por uma pessoa contratada para isso), no decorrer do qual foi indemnizada em tribunal.

Um ano depois da sua demissão, Luz tentou aceder a um novo emprego, comparecendo a entrevistas de recrutamento, chegando ao final de um processo de selecção.

Finalmente, foi dispensada quando a sua futura empresa empregadora solicitou referências ao empregador anterior.

A sua antiga chefe não hesitou em proporcionar informação caluniosa a respeito dela, na qual incluía problemas de personalidade conflituosa com chefes e colegas de trabalho, assim como uma baixa productividade no desempenho do trabalho.

Caso retirado de um livro do Psicólogo do Trabalho e da Organização, Iñaki Piñuel Y Zabala