...aquele que se vê incapaz de oferecer uma narrativa coerente da vida pessoal e de lhe dar uma sólida linha de rumo. A flexibilidade...é a fragmentação do tempo, é viver em risco e ambiguidade, é perder a noção de estabilidade, é a vida feita de sucessivos agoras e de recomeços contínuos. A flexibilidade é o subtil fim da carreira profissional e o desprezo pela experiência acumulada.
O capitalismo passou a ser a desorientação das pessoas e a corrosão dos seus valores.
Uma pessoa que é obrigada a mudar de emprego por várias vezes, tem dificuldade em dar sentido à sua vida profissional e em construir uma narrativa coerente do seu passado e do seu presente. Não tem estabilidade de vida, tem relações superficiais com colegas de trabalho e dificuldades em fixar objectivos de longo prazo, como, p.e., planear ter um(a) filho(a).
A cada mudança de trabalho, e por vezes também de casa, começa tudo de novo e a vida parece andar (e de certeza anda) à deriva.
O capitalismo não se ressente nada com isso e continua a cultivar a indiferença perante as necessidades dos seres humanos.
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